Faxineiro doa 25% do seu salário para manter trabalhos sociais

Ganhando apenas um salário mínimo pelo trabalho como faxineiro em um supermercado, Emerson Alexandre Del Prado consegue fazer o que muitos consideravam impossível. Após todos os descontos comuns ao pagamento de qualquer trabalhador, ele ainda separa cerca de R$ 200 para a ONG Sciences, da qual é um dos fundadores em Suzano. “Às vezes aperta o mês, mas eu nunca desisti do projeto. No tempo de criança eu passei necessidade também”, conta.

A ONG, que fica na casa da mãe dele, atendeu em 20 anos mais de 500 pessoas, boa parte moradores de rua. O projeto distribui roupas, livros alimentos e visita hospitais, asilos e escolas.

Sem um espaço físico, Alexandre faz da casa onde mora com a mãe o coração da ONG. É com o seu telefone “pai de santo” – que só recebe chamadas – que ele aguarda os contatos para buscar as doações. No período da manhã, antes de ir trabalhar, visita as pessoas que a instituição acompanha e também busca doações de porta em porta. “Os recursos são poucos, tudo é feito pedindo. O povo me vê na rua e sai correndo porque sabe que eu vou pedir alguma coisa”, brinca Alexandre.

Alexandre não varre para debaixo do tapete o seu passado e por isso, não se envergonha de ir às ruas com um carrinho e juntar recicláveis. Com o dinheiro das vendas de papelão e metais recolhidos das ruas, ele consegue comprar alimentos para o sopão. “Eu morei em um barraco e sei como é. Às vezes não tinha alimento e no café da manhã era chá de erva cidreira ou água com açúcar.”

Nos dias de folga o faxineiro já pensa nos próximos desafios que virão. “Eu quero fazer uma exposição de brinquedos com produtos recicláveis. Já estou juntando várias caixinhas de leite. Depois, começa a correria para fazermos uma festinha de Dias das Crianças. Em seguida, vem o Natal e a gente vai atrás de doações de brinquedos, mas eu não penso em desistir. A ONG tem que ser alguma coisa espontânea, tem que ser a comunidade ajudando a comunidade. A gente tem que se preocupar em fazer uma coisa boa hoje, porque ninguém sabe o dia de amanhã”, finaliza.

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